“Era como se respirasse a própria atmosfera da galáxia, era como se se banhasse no mar de partículas e energia de que o Universo é feito, era como se estivesse nas profundezas do espaço, ante os milhares de pontos de flamejantes que se destacavam sobre o suave manto da Via Láctea, era como se viajasse por entre essas estrelas firmemente entrelaçadas nas interacções gravíticas de um referencial cuja magnitude, de difícil apreensão, o deixava boquiaberto, aqueles instantes resultando num incontido arrepio, vinte e um gramas de si próprio suspensos pelos invisíveis e poderosos fios das emoções, extáticos perante a profundidade castanha de uns olhos magnéticos, dentro dos quais um novo e sedutor mundo se ia desvelando… Era como se redescobrisse a vida a cada pulsação, era como se reencontrasse a felicidade a cada sussurro clamado, era como se rejuvenescesse a cada encontro almejado. Havia descoberto, por fim, aquilo que nem sabia poder existir: a personificação dos próprios sentimentos…”
"aqueles instantes resultando num incontido arrepio" - foi realmente um arrepio que me fez companhia durante a leitura do texto. A descrição que fazes ao longo dele está simplesmente sublime , fazendo-me perder por um Universo com um brilho muito especial, muito mais intenso que o olho humano nos permite vislumbrar. Desde que te leio (sentido-me cada vez mais repetitiva) é notório o teu encanto pelo espaço, pelo "mar de partículas e energia de que o Universo é feito", e a mestria que foste desenvolvendo em relação a ele, contudo esta forma de o usares como metáfora é ainda mais arrebatadora. Talvez a melhor maneira nos referirmos a sensações, sentimentos ou pensamentos indescritíveis seja precisamente recorrermos a experiências que nos ultrapassam, que transcendem o que fazemos. Há certos episódios da nossa vida que só se poderiam comparar às "profundezas do espaço, ante os milhares de pontos de flamejantes que se destacavam sobre o suave manto da Via Láctea", certas coisas que nos fazem maravilhar com a "magnitude, de difícil apreensão". São sensações quase irracionais que fazem tremer algo que não se percebe bem - chamem-lhe alma ou anima aos "vinte e um gramas de si próprio suspensos pelos invisíveis e poderosos fios das emoções".
E realmente é uma sensação óptima aquilo de descobrir algo maravilhoso "que nem sabia poder existir"...
Beijos e uma noite em que reenconstres"a felicidade a cada sussurro clamado", em que todos os teus sentimentos se personifiquem
Sophia
PS - Também a música é arrebatadora: Enebria-nos, enlouquece-nos, deixa-nos febris...
Não tenho palavras para descrever o contentamento que sinto por perceber que fui capaz de imprimir nas palavras uma pequeníssima parte da miríade de emoções que o ser humano é capaz de experimentar. As metáforas têm realmente um estranho poder; através delas logramos enfatizar algo que de outra forma não poderia ser cabalmente expresso. A majestosidade simples e absoluta de certos eventos só pode encontrar paralelismo na magnitude das forças que governam o Cosmo, ou nas manifestações avassaladoramente energéticas dos Quasares... E, ainda assim, as palavras não passam de um esquisso desajeitado, comparadas com a profundidade de certos sentimentos... :-)
Mais maravilhosa que a descoberta daquilo que nem se sabia poder existir, é a noção de que existe um crescendo que desafia todos os limites... :-)
Agradecendo a gentileza com que sempre me presenteias, também eu te desejo uma noite absolutamente magnífica!
Olá Amigo V. A. D. Era como se respirasse a própria atmosfera da galáxia. Era como se redescobrisse a vida a cada pulsação. E a música? E a ilustração da dita? Tudo junto é bem a prova da verdadeira personificação das coisas, e de nós próprios, a cada momento e em cada instante da vida. Gostei e adicionei aos meus favoritos. Um abraço e boa noite. Eduardo.