
“Duas e vinte e nove. Todas as apreensões se esmaecem num ápice, a limpidez dos sentidos irrompendo da própria alvorada da vida, a profusão das emoções elevando-o além dos limites plausíveis. A existência não é mais que um fugaz clarão por entre as trevas da inacabável perpetuidade e, todavia, os factos inequívocos podem ser contraditos pela subjectividade agarrada num emaranhado caoticamente sublime e estranhamente melífero, os desalinhos agindo como uma catártica negação de rotinas bafientas, a florescência de algo improvável manifestando-se avassaladoramente num esplendor épico, o engrandecimento constante e contínuo atordoando-o, a infinitude apresentando-se-lhe como o exclusivo e inexistente término. Deixa-se absorver pelo fascínio, quer imortalizá-lo em grandíloquas demonstrações de profundos desejos, quer efectivá-lo em feitos repletos de transbordantes sentimentos… E sente-se insuflado pela alegria de voltar a ser inteiro, os desertos pedregosos e gelados parecendo-lhe agora tão remotos, como que dissolvidos na eternidade de alguns breves mas perfeitos segundos…”
V.A.D. em Segundos