
“Duas e doze. Os minutos arrastam-se, monótonos, tão desconformes dos arco-íris dançantes pintados em palavras infindáveis, os tons monocromáticos divergindo da coloração esfusiante dos momentos deslumbrantes daquelas horas esquivas, passadas entre um café e o fascínio sincronizado de pensamentos convergentes. Parece até que a própria música perdeu o seu encantamento num ruidoso monólogo, o sonho exasperado enchendo-se dos odores escuros da saudade, num murmúrio de queixoso desalento. Força-se a pensar no céu, deixa-se perder por entre as estrelas, identifica nelas o prometimento de dias vindouros, pejados de vibrantes possibilidades, os anseios afluindo num único e perfeito ponto espaço-temporal, imortalizado em sucessivas recorrências… E emerge-lhe um sorriso no rosto, aclarando-se-lhe o semblante no brilho do olhar, o infinito assomando-se-lhe tão exequível quanto a concepção lhe permite. Cerra as pálpebras e inala profundamente o ar perfumado pelo incenso que arde em tonalidades quentes, um arrepio agradável percorrendo-lhe o corpo, a mente inventando de novo a conciliação…”
V.A.D. em Minutos
De
Ana a 12 de Agosto de 2008 às 21:13
Por ti o tempo não passa... mantens a imperfeita perfeição dos teus textos, dia após dia.
Estive ausente. Dei um golpe no tempo. Infelizmente darei ainda mais um por uns dias até me poder soltar novamente por estes cantos. Tenho tanto para escrever... ;-)
beijo
De
V.A.D. a 13 de Agosto de 2008 às 01:19
Posso afirmar-te que, por muito que quisesse, não conseguiria impedir a passagem do tempo... Mas, havendo consciência disso, disponho-me a aproveitá-lo da melhor maneira que sei... :-)
Também eu tenho andado arredado da blogoesfera; a assiduidade com que tenho escrito não se pode comparar à dos primeiros tempos...
Agradecendo as tuas amáveis palavras, desejo-te uma excelente noite.
Um beijo e um enormeeeeeeeee sorriso... :-)
De
Emanuela a 17 de Agosto de 2008 às 03:29
Tantos momentos agradáveis, tantas coisas boas que vamos deixando para trás na passagem da vida, mantendo só a lembrança que por vezes visita-nos sorrateiramente...E vamos inventando e re-inventando maneiras de ser felizes.
Lindos, os teus textos, como sempre!
Beijos e um bom domingo
De
**** a 17 de Agosto de 2008 às 15:26
"os tons monocromáticos divergindo da coloração esfusiante dos momentos deslumbrantes daquelas horas " - é espantoso o quão relativas as coisas podem ser, como pequenas variantes podem mudar por completo o brilho dos mesmos 60 minutos...
"o sonho exasperado enchendo-se dos odores escuros da saudade" - a saudade pode fazer-nos sofrer, pode tirar a cor ao mais luminoso dia ou a melodia à mais fantástica sinfonia, mas o vazio de não a termos ainda é mais doloroso. Acaba por ser um sofrimento suave que pode fazer elevar a mente - "... o infinito assomando-se-lhe tão exequível quanto a concepção lhe permite.", a eternidade tão plausível quanto a vontade lhe exige, a perfeição tão ultrapassável quanto a alma lhe diz...
Adorei especialmente este texto...
Que depressa a "conciliação" deixe de ser somente uma invenção da mente...
Beijos
Sophia 
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