
“Permaneci algum tempo em total imobilidade, demasiado fatigado e entontecido, os meus olhos fixando-se nos olhos do interlocutor sem que os estivesse a ver, a minha mente mostrando-se incapaz de entender ou elaborar um raciocínio coerente, a privação do sono gerando um total alheamento em relação a tudo o que me rodeava. A espaços, sentia-me invadido por uma espécie de leveza delirante semelhante àquela que os estados febris costumam provocar, o som das palavras ouvidas parecendo esbarrar no meu corpo em vergastadas bruscas ou sedosas consoante o timbre das sílabas, uma absurda sinestesia submergindo-me ainda mais na estranheza de não saber o que fazia ali, um mal-estar latente apoderando-se de mim como um organismo gelatinoso e tentacular, tão repulsivo quanto um verme parasitário, verde e fedorento. E de súbito a emese, libertadora e dolorosa, arrancando-me o vazio às entranhas, as contracções involuntárias do corpo exaurindo as réstias de energia, o pânico mal dissimulado levando a um esgar de aflição… E o desfalecimento, inevitável e reparador, sobrevindo sem aviso, transformando-se num longo sono sem sonhos, numa completa ausência em parte alguma…”
V.A.D. em Tortura
De
Fisga a 28 de Maio de 2008 às 11:38
Pois é assim amigo. A vida prega muitas partidas ás pessoas, a uns de uma forma , a outros de outra, mas na realidade quase que não há ninguém que não se queixe das partidas que a vida lhes prega. Eu pela parte que me toca procuro dentro do possível a resignação já que pela força cada vez tudo é mais difícil. Um abraço e um bom dia.
De
V.A.D. a 30 de Maio de 2008 às 01:11
Amigo, quero frisar que não me queixo de nada. A decisão de seguir um outro rumo, afastando-me da aeronáutica, é algo que não lamento. Contudo, todos temos a tendência de olhar para o passado e exclamar: "ah, os bons velhos tempos...!". Eu não sou excepção... :-)
Votos de uma excelente noite, amigo!
Um abraço.
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