
“Permaneci algum tempo em total imobilidade, demasiado fatigado e entontecido, os meus olhos fixando-se nos olhos do interlocutor sem que os estivesse a ver, a minha mente mostrando-se incapaz de entender ou elaborar um raciocínio coerente, a privação do sono gerando um total alheamento em relação a tudo o que me rodeava. A espaços, sentia-me invadido por uma espécie de leveza delirante semelhante àquela que os estados febris costumam provocar, o som das palavras ouvidas parecendo esbarrar no meu corpo em vergastadas bruscas ou sedosas consoante o timbre das sílabas, uma absurda sinestesia submergindo-me ainda mais na estranheza de não saber o que fazia ali, um mal-estar latente apoderando-se de mim como um organismo gelatinoso e tentacular, tão repulsivo quanto um verme parasitário, verde e fedorento. E de súbito a emese, libertadora e dolorosa, arrancando-me o vazio às entranhas, as contracções involuntárias do corpo exaurindo as réstias de energia, o pânico mal dissimulado levando a um esgar de aflição… E o desfalecimento, inevitável e reparador, sobrevindo sem aviso, transformando-se num longo sono sem sonhos, numa completa ausência em parte alguma…”
V.A.D. em Tortura
Amigo V.A.D.
Espero que a tortura tão bem descrita neste seu texto, não seja a tortura da espera...
Da espera de uma resposta positiva da ESA.
Um beijo
Teres
De
V.A.D. a 28 de Maio de 2008 às 02:06
Olá, amiga :-)
Neste texto, tento retratar, talvez de forma talvez insipiente, aquilo que seria a tortura através da privação do sono. Já passei por alguns momentos na minha vida em que, por questões profissionais, me vi privado das tão necessárias horas de descanso. Sei das dificuldades que experimentei, os raciocínios baralhando-se de tal forma que, apesar de olhos abertos, me encontrava ausente de mim mesmo...
Há esperas que podem ser torturantes... :-)
Minha amiga, fazendo votos para que tudo esteja a decorrer conforme esperas, aproveito para te desejar uma magnífica noite.
Um beijo e um enormeeeeeeeeeee sorriso... :-)
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