“Estava hirto sobre a lhanura do promontório basáltico, as pernas ligeiramente afastadas, os braços descaídos, a barba grisalha e as roupas negras flutuando ao vento, os olhos encovados e sem pestanejo contemplando sem ver a face plúmbea do oceano revolto que se esmagava em ondas furiosas de encontro ao alcantilado da rocha, uns quarenta metros abaixo, a espuma em grandes cachos elevando-se, desfeita em gotículas de maresia. Aves marinhas, brancas e pretas, descrevendo graciosas curvas no ar morno da tarde primaveril, fugiam dele com pequenos gritos, as suas alminhas tornando-se subitamente doloridas perante a austeridade daquela figura ascética. Talvez invocasse a tormenta eléctrica que se formava ao largo, os cúmulos-nimbos agigantando-se por sobre o horizonte, os primeiros relâmpagos enchendo de centelhas energéticas o céu baixo, o ribombar dos trovões acrescentando-se, impetuoso, ao rumor vibrante do mar embravecido. Talvez aplacasse alguma tempestade interior, as inquietudes e angústias que por todos perpassam encontrando apaziguamento naquele majestoso cenário, a sublime entrega à natureza acalmando algum desvario louco que se lhe tivesse apossado da mente. Talvez ambas as coisas…”
V.A.D. em Tormenta
Imagem: Trovoada (www.bigsurcalifornia.org/images2/lightning2a.jpg)
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