
“Ergui os olhos para o céu; esparsas nuvens de anidrido carbónico gelado, reflectindo os derradeiros raios solares, esfarrapavam-se, suavemente alaranjadas, de encontro à escuridão que se ia apossando do firmamento, a ténue luminosidade de Deimos contrastando com a exuberância do brilho de Fobos em célere deslocação, a velocidade angular da sua translação excedendo largamente a da rotação do planeta. Um calafrio atravessou o meu corpo, os meus pensamentos dissociando-se entre aquele instante inefável e a distante génese da aventura, muitos anos e milhões de quilómetros separando-me das palavras profundamente gravadas na memória.
- Professor, antes de mais nada, devo dizer-lhe que é um prazer revê-lo, ao fim deste tempo todo. Mas, como sabia que me ia encontrar aqui? Além disso, só um motivo muito forte me faria faltar ao trabalho. Tenho entre mãos uma investigação que preciso de adiantar.
Ele permaneceu calado por uns segundos, observando-me, até que me convidou a sentar.
- Se bem te conheço, não há nada que te possa interessar mais do que aquilo que tenho para te dizer.
Baixou a voz, e um ar sério apossou-se repentinamente do seu semblante, as palavras que proferia despertando em mim uma curiosidade cada vez maior…”
V.A.D. em Cidónia
Imagem: Fobos e Deimos (http://solarsystem.nasa.gov/multimedia/gallery/phobos_deimos.gif)
De
emanuela a 25 de Fevereiro de 2008 às 02:51
Só de imaginar a possibilidade de uma viagem para milhares de anos luz de distância do nosso planeta dá para emocionar-se. O que virá desta viagem?
Um beijo, amigo.
Boa semana!
De
V.A.D. a 25 de Fevereiro de 2008 às 02:58
Amiga, não vou revelar ainda o mistério que a viagem pretende desvendar. Acrescento, contudo, que Cidónia é um lugar real, cheio de maravilhas e criador de ilusões... :-)
Agradecendo as tuas gentis palavras, desejo-te uma semana muito, muito agradável!
Um beijo e um enormeeeeeeeee sorriso... :-)
De
emanuela a 26 de Fevereiro de 2008 às 02:16
Então não tenho errado meu próprio endereço? Dã...Ontem deixei URL errado. Bem, vamos ficar mais atenta...Beijos..
De
V.A.D. a 26 de Fevereiro de 2008 às 14:00
Percebi que o URL do teu comentário não correspondia ao do teu blog. Não é importante, amiga; lapsos, todos nós temos... :-)
Votos de um dia magnífico!
Um beijo... :-)
De
**** a 26 de Fevereiro de 2008 às 16:32
"Ergui os olhos para o céu" – de todos os registos que tenho visto da última vez que o homem pisou território extraterrestre virgem – refiro-me à ida à lua em 69 – não houve nenhuma na qual eu conseguisse identificar uma reacção que, desde cedo, achei que teria sido indispensável. Era a primeira vez que um ser humano via o seu planeta de outro astro, era a primeira vez que as poeiras lunares eram levantadas por botas humanas, era a primeira vez que olhos terrestres viam a noite lunar (muito mais esplendorosa que a terrestre)... e no entanto, tirando as famosas palavras “um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade” – um jogo de palavras já há muito pensadas- , não vi nada que identificasse o esplendor de tudo aquilo. Faltou umas palavras de maravilha e a emoção que o reconhecimento da beleza nos provoca, faltou uma exclamação espontânea e o arrebatamento duma tal visão, faltou o entusiasmo que oiço na “eureka” de Arquimedes e o tom que imagino no “vejo coisas maravilhosas” de Howard Carter... faltou uma descrição como a tua.
"Um calafrio atravessou o meu corpo, os meus pensamentos dissociando-se entre aquele instante inefável e a distante génese da aventura, muitos anos e milhões de quilómetros separando-me das palavras profundamente gravadas na memória" - Indubitavelmente esta é uma das tuas viagens nas quais de melhor grado embarquei. Era capaz de abdicar de tudo por um só momento destes. Embora (infelizmente) não partilhe a eloquência do personagem (ou do autor), acho que partilharia o seu sentimento, o seu entusiasmo, a sua capacidade de se maravilhar.
Beijos,
Boa noite, boa continuação
e vamos lá ver quem sucumbirá primeiro à curiosidade - o teu personagem ou eu
Sophia 
De
V.A.D. a 27 de Fevereiro de 2008 às 02:00
Amiga, por muito racional que pretenda parecer, acho que, numa situação assim, seria incapaz de conter uma interjeição de espanto e maravilha... Não me poderia dissociar de uma sensação de avassalador êxtase... Tal como tu, interrogo-me muitas vezes acerca de que fluido correria nas veias de Armstrong, depois da alunagem e durante aquele momento histórico...
Quando leio ou quando escrevo sobre estes temas deixo-me inundar por sentimentos difíceis de descrever. Visualizo paisagens enquanto olho para mim mesmo, em busca das reacções que teria perante tais acontecimentos. Tento transcrever o que vou percebendo, por vezes de forma pouco eloquente, outras de maneira mais feliz... Apraz-me saber que consigo transmitir as emoções que, mais do que imaginar, acabo por sentir... :-)
Espero ser capaz de não desiludir, ao longo desta história que, em breve, conhecerá desenvolvimentos... :-)
Agradecendo as tuas amáveis palavras, desejo-te uma excelente noite!
Um beijo e um enormeeeeeeeee sorriso... :-)
De Constança a 14 de Março de 2008 às 21:54
**
De
V.A.D. a 15 de Março de 2008 às 01:23
Já fui espreitar o teu espaço... :-)
Obrigado por teres passado por aqui. Espero que regresses mais vezes.
Desejo-te um magnífico fim-de-semana!
Um beijo... :-)
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