Inscritas em seis milhões e meio de anos, as marcas da inteligência vêm-se aprofundando, desde que, nas savanas do Sahel, os antepassados de nós próprios se ergueram, o Chade apadrinhando o mais antigo hominídeo conhecido, a evolução trazendo habilidade e sofisticação crescentes, a comunicação verbal e a expressão artística afirmando uma auto consciência cada vez mais firme, a capacidade de adaptação determinando a sobrevivência. Cento e setenta mil anos foram dissolvidos no rio da humanidade; descendemos de uma Eva negra, a migração de há cinquenta mil anos levando o homo sapiens para fora de África num imparável preencher de continentes com a espécie à qual pertencemos. Alguns membros da família humana desapareceram nas brumas de passados longínquos, outros ainda foram contemporâneos do Homem, a inaptidão ou a miscigenação levando a um fim de modo algum inglório. A árvore da vida é feita de incontáveis ramificações, o tronco assente sobre as raízes das primeiras moléculas capazes de se auto-copiar, cada ser à face do planeta descendendo de um antepassado comum, quatro mil milhões de anos de evolução contínua gerando a indescritível e maravilhosa miríade de organismos. Um novo ano acerca-se rapidamente. Que em 2008 sejamos capazes de enaltecer o prodígio da vida!
Vídeo: Evolução Humana (www.youtube.com/watch?v=ZQrkJchlldA)
Feliz Ano Novo!
E a matéria e o tempo nasceram com o Universo, cada um deles representando o papel que a Grande Arquitecta lhes conferiu, engendrando subtis e grandiosas coisas que a nossa mente e os nossos olhos, atentos, podem perceber. Emanámos do interior das estrelas, há milhares de milhões de anos, sob a forma de elementos nascidos da fusão nuclear, os tijolos antigos da nossa construção a serem agregados pelas forças originadas na grande explosão, a matéria diversificando-se em fantásticas transmutações energéticas, a tabela periódica ganhando conteúdo. No ilusório vazio das vastidões universais, a química pré-biótica gera as moléculas precursoras do prodígio da vida, o sortilégio dos aminoácidos resultando de ligações de átomos diversos ao carbono aglutinador, é como que semente a lançar à terra, as nuvens de poeira cósmica, os cometas e os asteróides disseminando a possibilidade biológica que vem a dimanar num pequeno planeta girando à volta de uma estrela comum, na periferia de uma galáxia como tantas mais, a panspermia garantindo a fecundação de um mundo até então inanimado. Nos mares da Terra, a agitação dos infindáveis ciclos de nascimento, reprodução e morte, substitui a esterilidade velha de três mil e quinhentos milhões de anos…
Vídeo: Origem da Vida - Panspermia (www.youtube.com/watch?v=x08ALWRar4E)
A barreira temporal que parecia manter o surgimento dos primeiros animais do lado de cá dos últimos 600 milhões de anos está a ficar cada vez mais ténue. Pesquisadores chineses e americanos encontraram, no sudoeste da China, o que parece ser o fóssil do mais antigo animal complexo já registado, cuja idade fica justamente sobre esse limite. A criatura, denominada Vernanimalcula Ghizhouena, tem uma organização corporal que nada deve a muitos dos invertebrados modernos, sinal de que a evolução dos animais já estava a decorrer havia bastante tempo. Medindo menos de 180 mícrons, não é visível a olho nu, mas aparenta ter já desenvolvido características comuns a quase todos os animais superiores: simetria bilateral, sistema digestivo completo e os mesmos três tipos de tecidos que até hoje formam todos os orgãos humanos (apelidados de endoderme, mesoderme e ectoderme). Até agora, o primeiro florescimento da vida animal cuja existência foi bem estabelecida pelos cientistas era o da chamada biota de Ediacara, um conjunto de seres com a aperência de folhas delgadas com não mais que 575 milhões de anos, e que não eram exactamente um prodígio de complexidade. Se a estrutura corporal do Vernanimalcula Ghizhouena já estava pronta ainda antes dessa época, a vida animal remonta, pois, às profundezas do tempo.
Imagem: Vernanimalcula Guizhouena (www.acepilots.com/mt/wp-content/uploads/2006/03/vern4med.jpg)
Fonte: Sci-Am
A história da humanidade, é curta em termos evolutivos, mas não a dos seus antecessores. Foram necessárias centenas de milhões de anos de evolução para que a nossa espécie, Homo Sapiens, alcançasse o seu apogeu, através da aquisição de uma diversidade de caracteres biológicos que vieram a permitir o desenvolvimento da sua capacidade intelectual. O incremento da inteligência veio a resultar numa grande plasticidade adaptativa, permitindo ao homem colonizar quase todos os habitats terrestres.
Dizer-se que o homem descende do macaco é adoptar uma visão simplista, pouco esclarecida, e desenquadrada da realidade. Macacos e homens têm sim um antepassado comum. Há milhões de anos, uma bifurcação na saga da evolução separou as espécies. Talvez barreiras geográficas tenham forçado diferentes grupos populacionais a evoluir de formas diversas, e de um dos caminhos evolutivos resultou a linhagem dos hominídeos (Família dos Homimidae), à qual pertencemos nós e todos os nossos antecessores. Quais teriam sido os primeiros traços realmente humanos, ou proto-humanos, desses nossos parentes distantes? Nas últimas décadas chegou-se a uma certeza notável, a de que uma das primeiras características do hominídeo foi a marcha bípede. É aceite que já há cerca de 4 milhões de anos, um dos nossos ancestrais, o Australopithecus Afarensis, andava erecto, e a libertação da mão das funções locomotoras trouxe consigo, de forma clara, o desenvolvimento do cérebro, tanto em tamanho, como em complexidade.
Imagem: Australopiteco Afarense (www.exn.ca/news/images/exn2003/07/09/exn20030709-afarensis.jpg)
Em 1860, pouco depois de Darwin haver publicado A Origem das Espécies, consta que a esposa do bispo de Worchester, Inglaterra, teria dito, absolutamente chocada: "Vamos esperar que isso não seja verdade, mas se for, rezemos para que não chegue aos ouvidos do povo". Hoje, não ficamos chocados com o facto de os nossos ancestrais não passarem de animais parecidos com macacos. Mas continuamos intrigados sobre de onde viemos, como chegámos até aqui e qual é o nosso verdadeiro parentesco com o resto do mundo animal. Os mais de 140 anos que passaram desde o aparecimento das teorias de Darwin só fizeram reforçá-las. Fora os que acreditam que a nossa origem se deve a um milagre divino (evento que, por definição, não pode ser provado), poucos são os que duvidam que a nossa árvore genealógica pode remontar a cerca de quatro milhões de anos atrás, quando andavam pela Terra umas criaturinhas que, adultas, eram do tamanho de uma criança de 5 anos, e com um volume cerebral igual ao de um macaco. Até hoje, todos nós contemos muitos, se não a maioria, dos genes que formaram esses seres ainda não humanos.
Imagem: Evolução (www.scienceclarified.com/images/uesc_06_img0297.jpg)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. Breve História de Tudo (I...
. Breve História de Tudo (I...
. Blogs
. Abrupto
. Feelings
. Emanuela
. Sibila
. Reflexão
. TNT
. Lazy Cat
. Catinu
. Marisol
. A Túlipa
. Trapézio
. Pérola
. B612
. Emanuela
. Tibéu
. Links
. NASA