"Quem não compreende um olhar também não compreenderá uma longa explicação"
Provérbio árabe
Hoje não há fotos. Há palavras. Palavras que podem não dizer nada. Invólucros sem conteúdo. Embalagens vazias. Ou palavras simples, despojadas de papel de embrulho e lacinhos, mas transbordantes de convicções; imagens sonoras de uma escrita sem sons, feias ou belas, subtis ou avassaladoras. "Quando falares, procura que as tuas palavras sejam mais profundas que o teu silêncio." Pela palavra pode haver entendimento ou divergência. As palavras veiculam ideias, construtivas ou destrutivas. São transmutações dos pensamentos, quantas vezes imperfeitas. Muitos tentam, mas poucos têm o dom. Palavras diversas exprimem o mesmo conceito. Diferentes conceitos e uma só palavra. A complexidade da mente tantas vezes distorcida pelos vocábulos; uma sinfonia mental interpretada por um maus músicos, com instrumentos desafinados. Outras vezes, as palavras são uma melodia, não necessariamente complicada, mas emocionante. Tantas vezes uma simples palavra faz uma grande diferença...
Gostava de melhor saber escrever...
Oferecendo estranhas similitudes entre elas, as línguas serão todas provenientes de uma língua original, de que guardaram os seus traços? Tomemos como exemplo a palavra "mãe" e vejamos como ela é em línguas aparentemente tão diferentes como o latim, o francês, o inglês, o alemão, o russo, o lituano e o sânscrito : mater, mère, mother, mutter, mat', motyna, matar... Sem dúvida, todas estas palavras apresentam um "ar de família". A ideia de uma língua original não data dos dias de hoje. Sem falar do mito de Babel, os linguistas, desde o final do século XVIII, encetaram a tarefa de inventariar os parentescos linguísticos, e desde aí já se definiram mais de trezentas famílias de línguas. As 449 línguas da família indo-europeia, onde se inclui o português, têm um ancestral comum, uma proto-língua, nascida há cerca de 9000 anos na Anatólia (actual Turquia).
Existem actualmente no mundo cerca de 7000 línguas, agrupadas em diferentes famílias. Haverá um parentesco entre todas estas famílias? O debate não está encerrado, mas é cada vez maior a convicção de que tal não acontece. Embora exista de facto uma universalidade na maneira como o mundo é posto em palavra, esta universalidade deriva, provavelmente, das similaridades neurológicas dos membros da espécie humana.
Fonte: Science & Vie, Nº 1069
Imagem: "Babel" www.hoelderlin.de/
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