Em milésimos de segundo, a energia libertada pela matéria em escombros cria uma bola de fogo com temperaturas próximas às da superfície do Sol. A esfera flamejante avança em todas as direcções ao mesmo tempo, as ondas de choque resultantes da expansão arrasando tudo, como uma máquina de morte em deslocação supersónica. A matéria vaporizada pelo calor, menos densa que o ar, eleva-se como um balão, criando correntes verticais fortíssimas e arrastando consigo grandes quantidades de poeira radioactiva, formada pelos materiais fundidos próximos à detonação. Dos núcleos de plutónio em ruptura são libertados neutrões a altíssima velocidade, e com um elevado poder de penetração. Fotões de raios-X e de raios gama, semelhantes à luz mas muitíssimo mais violentos, são disparados em todos os sentidos. A energia, arrancada em profusão das mais profundas estruturas atómicas é usada com um único e tenebroso objectivo: provocar a destruição. A versão moderna da besta do Apocalipse tem a forma de um cogumelo.
Imagem: Bomba Atómica (Chris Bjornberg / Science Photo Library) (www.sciencephoto.com)
Provocar reacções nucleares... à temperatura ambiente? Cada vez mais experiências mostram hoje em dia que a aposta na fusão fria não é coisa de louco. Um pouco por todo o mundo, em laboratórios italianos, franceses, americanos, japoneses e russos, os investigadores afirmam transmutar a matéria à temperatura ambiente. Com um pouquinho de energia, eles transformam a natureza dos elementos químicos: o hidrogénio torna-se hélio, o titânio muda para alumínio e o chumbo transforma-se em ouro! Terão eles descoberto a pedra filosofal, objecto de uma fantástica busca esotérica ao longo dos milénios? Não nos iludamos; não há nada de oculto nestas pesquisas. Se a centena de químicos e físicos que trabalham neste domínio o fazem somente à margem dos seus trabalhos oficiais, não é para seguirem a grande tradição de secretismo dos alquimistas dos tempos antigos, mas por necessidade. Os seus estudos não são facilmente publicáveis nas revistas internacionais conceituadas, dotadas de um comité de cientistas independentes, aptos a validar a solidez de cada artigo. As mais prestigiosas, Nature e Science, não aceitam uma linha sequer sobre o assunto, pois foram "escaldadas" pela célebre experiência de Stanley Pons e Martin Fleischmann, publicada em 1989 e denominada "Fusão a Frio". Estes dois físicos afirmaram ter transmutado o hidrogénio em hélio à temperatura ambiente, sem emissão de raios gama e com a obtenção de calor, o que poderia significar a possibilidade de desenvolvimento de uma fonte de energia praticamente inesgotável. Isto suscitou uma das maiores polémicas científicas do século XX, pois verificou-se a impossibilidade de reproduzir sistemáticamente a experiência. Actualmente trabalha-se arduamente, mas com grande escassez de fundos, para corrigir esta situação.
Imagem: Paládio - Estrutura Cristalina (www.freespiritproductions.com/pdatom.jpg)
Fonte: Science & Vie
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