“…é algo de infinitamente profundo e intrínseco, a natureza precisando de uma medida que quantifique a negação da própria eternidade...”
V.A.D. (s)em Tempo
Video: The Flow of Time – In a Cradle (Rentrer en Soi) (www.youtube.com/watch?v=eaKP9QbDeGM)
O tempo é uma misteriosa entidade, da qual temos apenas uma rudimentar e vaga concepção. É infinitamente mais do que os incomplexos resultados do seu constante fluir, é decididamente algo muito mais profundo que a concepção que nos é proporcionada pelo senso comum ou pela natureza das leis biológicas. Integra o próprio tecido básico do Universo onde vivemos, é irmão gémeo do espaço e nasceu no instante primevo em que, de uma singularidade, dimanou tudo o que existe, matéria e energia libertando-se do confinamento quântico numa inflação desmesurada. Influencia a nossa vida sob todos os aspectos, desde os mais simples e moderadamente controláveis até aos que estão completamente fora da nossa autoridade, sendo a lenta mas contínua caminhada na direcção da velhice ou a inexorável passagem dos dias exemplos dessa nossa inabilidade para o manipular. É subjectivo e desigual, a velocidade agindo como causa de uma estranha variabilidade, aquilo que fazemos dando-nos a impressão de que ele se escoa de forma inversamente proporcional ao nosso apaziguamento. Talvez escorra pelos interstícios dos grânulos espaciais como areia numa ampulheta, mas não é eterno. A eternidade é mais estranha: é o lugar onde o tempo liminarmente cessou…
Imagem: Tempo (http://sprott.physics.wisc.edu/fractals/collect/2000/time%2520out.jpg)
O tempo parece muitas vezes ser uma entidade flexível, variando segundo os padrões estabelecidos pelo estado de espírito de cada um, fazendo parecer subjectiva a velocidade a que ele se escoa. No entanto, essa noção é desmentida pelo síncrono passar dos segundos, das horas, dos dias, uma infindável sucessão de instantes numa cadência cuja perfeição é diminuída por condições específicas, a rapidez a que o observador se desloca encolhendo o espaço, o tempo sendo esticado num demorar de difícil intelecção. O tempo não é imutável e, contudo, vemo-nos incapazes de o moldar à forma do nosso desejo, as intrincadas leis da relatividade estorvando a nossa determinação. Queria ter a habilidade de o controlar, a macieza dos tempos sem tempo sendo prolongada pela eternidade afora…
Meti-me à toa por um atalho do tempo para a procurar, os olhos castanhos brilhando de prazer e as rugas de expressão sulcadas em sorrisos abertos dando-me o ar despreocupado de quem bebe um café numa manhã solarenga de um domingo qualquer. Não raras vezes, captei aqui e ali uma impressão confusa de símbolos entre parênteses, a estrutura complexa das matemáticas dando-lhe um significado tão vasto e profundo que a minha mente recuava instintivamente, o receio de ser arrastado por aquela desmesurada força vital agindo como se o pânico da luz me empurrasse para a sombra. E então, desobstruía-se a razão num fluir de noções muitas vezes intuídas, as esquivas imagens geradas nos interstícios sinápticos urdindo a tapeçaria da compreensão, o entendimento nascendo frágil da incerteza progenitora, a minha face tornada esfíngica pelo esforço da concentração. Por vezes pergunto a mim próprio se a realidade não passará de um simples holograma ou se nada mais é que o resultado de meros pensamentos, uma absurda diversidade de palcos sendo povoada por actores inventados. Quase sempre persuado-me da tangibilidade de tudo, a verdade absoluta ao alcance do intelecto mostrando-se perfeita mas absolutamente esquiva, cultivando um absoluto poder de sedução…
Imagem: Verdade (http://static.flickr.com/118/292949477_64c13cbdbb.jpg)
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