Imensas correntes oceânicas, transportando incomensuráveis massas de água, circulam através dos oceanos, modelando as condições atmosféricas. Tempestades eléctricas rasgam a noite com deslumbrantes descargas de energia, enquanto nuvens negras de chuva assombram a superfície de um planeta que respira, que se movimenta, que chora e padece, que evoluciona e frutifica, animado por um sopro de vitalidade, instilado pela querença da Grande Arquitecta, as dinâmicas e cíclicas variâncias climatéricas resultando num maravilhoso e precário equilíbrio. Tudo devemos à prodigiosa torrente de energia, proveniente da Estrela Mãe, qual centelha que ateia e ceva os mecanismos, em contínua operação, de toda e qualquer estrutura biofísica, numa veemente recusa de condescender à estagnação. A vida, abraçando todos os recantos, floresce pela luz, a máquina dos estados do tempo é posta em movimento por desigualdades na quantidade de calor recebida em latitudes diferentes, e até o humor dos meus iguais varia em função de céus limpos ou de dias nublados. Ventos ciclónicos ou brisas cálidas, dilúvios bíblicos ou secas infernais, temperaturas gélidas ou amenas tardes estivais, nada mais são que manifestações de um clima num sempiterno ciclo de mudança.
Imagem: Mudança das Estações (www.youtube.com/watch?v=hH8UMbzgIAE)
Vivemos num mundo de rápidas mudanças, ao qual a tecnologia trouxe o conforto e a possibilidade de uma vida mais longa, inconcebíveis no tempo dos nossos antepassados. Mas este mundo vive sob a ameaça de eventuais catástrofes, como um desastre nuclear, uma nova epidemia virulenta, ou uma alteração radical do clima. A ciência permitiu ao homem compreender muitas das forças destruidoras que nos podem arrasar, mas também acrescentou muitos perigos à nossa existência. Apesar das suas incertezas e problemas, este é um planeta em que podemos viver, o ponto mais aprazível que conhecemos do Universo para a nossa espécie. No intuito de o manter tolerável e de mitigar futuras calamidades, os governos devem aprender a cooperar entre si na condução das instituições sociais e na utilização harmoniosa dos recursos naturais. A ciência é o principal instrumento de que o Homem dispõe para criar um equilíbrio praticável entre as necessidades da civilização e o carácter volúvel da Natureza. Contudo, ciência e tecnologia são, por si próprios, projectos experimentais. Devem merecer toda a atenção e todo o cuidado, para que não se virem contra a humanidade.
Imagem: Alterações Climáticas (http://weblog.leidenuniv.nl/fdr/1948/climate-change.jpg)
O aquecimento global pode provocar um derretimento assustador dos gelos do Ártico, levando a que uma maior quantidade de água doce se junte à água do mar. A diminuição da salinidade no Mar do Norte pode ter um efeito devastador, na medida em que uma menor salinidade significa menor densidade. A Corrente do Golfo deixa de poder afundar tão a norte e passará a fazê-lo em latitudes mais meridionais, tornando-a instável e eventualmente levando-a a parar por completo. Isto traria concerteza consequências drásticas: em poucos anos, até talvez em menos de uma década, a temperatura média da Europa Ocidental desceria 5ºC, o que significaria a chegada abrupta de uma brutal glaciação. Poderíamos encontrar o clima de Oslo em Lisboa. Parece paradoxal que o aquecimento global possa acelerar um fenómeno local que é, aliás, inevitável a nível global. A sequência de Idades do Gelo de 90000 anos de duração, seguidas de épocas inter-glaciais de 10000 anos é conhecida e está devidamente provada. O tempo desta inter-glaciação está esgotado, aliás, está já ultrapassado...
Imagem: "Neve"
Fontes: "O Clima no Futuro" de John Gribbin, BBC, Science & Vie, ScienceDaily
Como qualquer corrente oceânica, a Corrente do Golfo é gerada por padrões de vento à superfície, e diferenças na densidade da água. A água superficial, quente e menos salgada, por isso menos densa, parte do golfo do México em direcção a nordeste, e à medida que a latitude vai aumentando a libertação de calor para a atmosfera faz com que diminua de temperatura. No ártico, os ventos frios e o contacto com os gelos arrefece-a ainda mais, adensando-a, até que a própria corrente afunda. A água, agora mais fria, inverte o seu sentido de deslocação, e acaba por se dirigir para sudoeste, a grandes profundidades, indo repôr a massa de água quente em deslocação para nordeste. Imaginemos este mecanismo como uma enorme corrente de transmissão, movendo-se a uma velocidade de cerca de 4 km por hora e deslocando 74 milhões de metros cúbicos de água por segundo... A Corrente do Golfo faz com que por exemplo a Grã-Bretanha tenha uma temperatura média superior em cerca de 9 graus em relação à Terra Nova, à mesma latitude. A Noruega sem corrente do golfo seria tão inóspita quanto a Gronelândia.
Fontes: ver post anterior
Imagem: "Gulfstream"
Os oceanos desempenham um papel vital no trabalhar da máquina do tempo. Afinal, a atmosfera está realmente em contacto com a água, e não com a terra, em mais de 72 por cento da superfície do globo. A circulação da atmosfera é empurrada pelo calor, mas a quantidade de energia térmica armazenada numa coluna de ar que se estende desde a superfície até à orla do espaço é apenas equivalente à quantidade de energia térmica numa coluna semelhante¹ de água que se estende da superfície do mar até uma profundidade de apenas três metros. É o oceano, muito mais que a terra, o armazém inicial da energia solar, libertada posteriormente para a base da atmosfera. Os climas temperados são moderados pela influência do mar a oeste, e o clima de toda a Terra é protegido pela acção moderadora do fornecimento de calor oceânico. O sistema de circulação de grandes correntes é fundamental para o estabelecimento do padrão climático existente, pois a movimentação de águas quentes à superfície actua directamente sobre a temperatura atmosférica. Uma dessas grandes correntes é a chamada Corrente do Golfo, que transporta água quente para norte, desde o golfo do México até à Escandinávia. Toda a Europa Ocidental se encontra sob a sua influência.
Nota¹ : Considera-se igual a área da base das colunas
Fontes: "O Clima no Futuro" de John Gribbin,
BBC (http://www.bbc.co.uk/climate/)
Imagem: www.qualitaly.com/allegati/
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