“O Râjan estava sentado, as costas direitas, a boca cerrada e o olhar fixo num ponto não muito distante. Eu, o Vesgo e o Tatuado prostrámo-nos diante dele, a nossa vista pousada nos tufos de erva, a ansiedade tomando conta de cada um de nós. Calmo e seguro, o rei estendeu o braço e tocou-nos nos ombros, em sinal de outorgamento. De imediato, o bhelgh-men irrompeu numa litania repleta de gestos herméticos, enquanto nos erguíamos vagarosamente. Não é possível descrever a ventura que sentia: havia sido aceite no restrito grupo de homens cuja função era garantir por todos os meios a defesa da grei contra o caos. Era-nos confiada a maior das tarefas, o apaziguamento da sanha da Deusa-Mãe, através dos rituais procedentes da noite dos tempos. O falhanço levaria à desgraça, o sucesso representava a glória eterna. Havia começado o Yule; o carneiro cozido com as melhores verduras, o pão ázimo e a cerveja em abundância haveriam de encher os estômagos. As festividades na Casa Comunitária – tambores e flautas marcando o ritmo das danças – prolongar-se-iam durante todo o dia e toda a noite, uma torrente de ledice no monótono gotejar da existência. Para os escolhidos, carne de veado, bolos de farinha de trigo, uma dura caminhada e a impreterível necessidade de sucesso na caçada…”
V.A.D. em Otztal
Imagem: Casa Comunitária (www.islandlife.org/images/Lesvardes1.jpg)
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
. O horizonte de eventos e ...
. Blogs
. Abrupto
. Feelings
. Emanuela
. Sibila
. Reflexão
. TNT
. Lazy Cat
. Catinu
. Marisol
. A Túlipa
. Trapézio
. Pérola
. B612
. Emanuela
. Tibéu
. Links
. NASA